"Noite de vento, noite dos mortos..." ( O Tempo e o Vento- Érico Veríssimo)
"O SOBRADO" foi um espetáculo que montei no ano de 2010 no Colégio Estadual do Paraná em parceria com Hermison Nogueira, meu colega de faculdade, ator e também professor do CEP.
A peça conta a história de uma família que encontra-se sitiada em um casarão, sem sequer poder abrir as janelas porque podem levar tiros. O período histórico é fins do século XIX, Rio Grande do Sul, guerra entre federalistas e republicanos. O meu personagem, Licurgo Cambará é republicano e seus inimigos federalistas cercam a cidade e sua casa, impossibilitando qualquer tipo de fuga. Encurralados neste sobrado, ele, sua esposa Alice grávida e prestes a dar a luz, sua avó Bibiana, sua cunhada Maria Valéria, seus dois filhos Rodrigo e Toríbio além de alguns empregados. Nesta situação extrema, Licurgo tem que resolver conflitos internos entre sua família e externos que envolvem sua integridade, ideologia e principios. Baseado na obra de Érico Verissimo "O Tempo e o Vento - O Continente"
Usamos uma pequena sala no subsolo do colégio e poucas luzes para criar a atmosfera claustrofóbica em que essas pessoas estavam. O publico ficou sentado no chão como se fizesse parte da peça e nós transitávamos entre eles.
A peça começou antes de entrarmos na sala dividindo os atores em dois grupos representando assim as ideologias antagônicas da história.
Licurgo desesperado. Sua esposa está em trabalho de parto e toda a responsabilidade sobre o que está acontecendo cai sobre ele...
|
Licurgo (André) |
Maria Valéria dando a notícia de que a criança nasceu morta...
|
Licurgo (André) Maria Valéria (Juliana)
Toríbio e Rodrigo vão espiar a criança morta que está na sala em uma pequena caixa. |
|
Toríbio (Camila) Rodrigo (Bruna)
|
Antero, um dos capangas de Licurgo aproveita para realizar sua vingança pessoal a outro capanga que matou seu irmão a muito tempo atrás e agora encontra-se moribundo em um dos cômodos do sobrado.
|
(Tom) |
Outro capanga. Este era o vigia que ficava observando a praça pelas frestas das janelas.
|
(Hermison) |
A criança está sendo enterrada no porão... Maria Valéria e Laurinda, uma velha e negra empregada, observam Licurgo descer para enterrar a criança...
|
Licurgo(André) Laurinda(Gabriela) Maria Valéria (Juliana) |
Alice acorda e procura seu bebê...
|
Toríbio (Camila) Alice (Vanessa) Rodrigo (Bruna) |
A velha Bibiana já caduca e cega nos seus quase 100 anos vive a margem dos dramas que ocorrem na casa neste momento...
|
Bibiana (Alana) |
Maria Valéria de personalidade forte é a única que discute de igual com Licurgo
|
(Juliana) |
Licurgo conta a verdade para Alice. Que a criança nasceu morta e foi enterrada no porão. Alice surta...
|
Licurgo (André) Alice (Vanessa) |
Maria Valéria conforta a irmã...
|
Alice (Vanessa) Maria Valéria (Juliana)
|
Cena final. A Velha Bibiana fala sobre o tempo... e o vento...
|
Todo o elenco: Hermison, Gabriela, Vanessa, Bruna, Alana, André, Camila, Juliana e Tom |
"Sozinha no seu quarto, sentada na sua cadeira de balanço, e enrolada no seu xale, a velha Bibiana espera... O quarto está escuro, mas para ela nestes últimos anos sempre, sempre é noite, pois a catarata já lhe tomou conta de ambos os olhos. (...)Viu guerras e revoluções sem conta, e sempre ficou esperando. Primeiro, quando menina, esperou o pai; depois, o marido. Criou o filho e um dia o filho também foi para a guerra. Viu o neto crescer, e agora Licurgo está também na guerra. Houve um tempo em que ela nem mais tirava o luto do corpo. (...) Como o tempo custa a passar quando a gente espera! Principalmente quando venta. Parece que o vento maneia o tempo."